sexta-feira, 11 de maio de 2007

A importância da cachaça para o Brasil

Com o movimento gastronômico brasileiro, a cachaça passou a ser reconhecida, valorizada e até festejada por um público interessado na cultura do nosso regionalismo. Já não é raro encontrá-la exposta com destaque em elegantes restaurantes e bares, ou mesmo reconhecer seu sabor dando um toque especial a pratos de conceituados chefs de cozinha.

Mas poucos sabem que a bebida já foi usada para curar diversas moléstias, e é consumida em festas religiosas. Apenas na internet há uma infinidade de sites dedicados à divulgação da cachaça que tratam desde a divulgação dos processos de fabricação artesanais até a indicação de receitas, drinks, marcas e associações que garantem o seu “selo de garantia” ao produto.

Pertence à família das aguardentes (água ardente ou ácqua ardens, termo utilizado pelos gregos), feita à base de cana-de-açúcar, leveduras e água. Seu processo de fabricação se inicia com a moagem da cana, que produz um caldo ao qual adiciona-se água que, sob o efeito de leveduras, entra em processo de fermentação. Passada para os alambiques, é destilada, aquecendo-se o caldo (garapa) que vai concentrar o álcool.

Como o álcool tem um ponto de ebulição mais baixo que a água, ele se desprende da garapa primeiro, originando o que se chama de “cachaça de cabeça”, com alta concentração alcoólica (cerca de 75o GL). Com maior tempo de destilação, cada vez mais água vai sendo adicionada à cachaça, originando a “cachaça do coração”, ideal para ser industrializada. A “cauda” é o resultado final, onde quase todo o álcool entrou em ebulição, sobrando apenas impurezas.

A partir daí, pode-se engarrafar ou envelhecer a bebida, onde a oxidação do álcool é que vai garantir um sabor diferenciado ao produto. Para tanto, é necessário um recipiente que permita a entrada de ar, sendo que os de madeira são mais apropriados. No Brasil, a legislação brasileira define que o produto alcoólico deve possuir um teor entre 38o e 54o GL.

Um pouco da história

A cana-de-açúcar é o elemento básico para a obtenção de vários tipos de álcool, entre eles o etílico. Originária da Ásia,a planta tem seu cultivo registrado desde os tempos mais remotos. Os egípcios costumavam inalar o vapor de líquidos aromatizados e fermentados na cura de diversos tipos de doenças e os gregos foram os primeiros a falar em ácqua ardens (água que arde). Na mão dos alquimistas, a “água que pega fogo” adquire propriedades místico-medicinais e se transforma em água da vida, receitada como elixir para adquirir vida longa.

Da Europa para o Oriente Médio, cada povo aperfeiçoou os processos de fermentação e descobriu novas tecnologias de produção, dando um nome diferente ao destilado. No Brasil, a cachaça chegou trazida pelos navegadores portugueses e não demorou a se tornar moeda corrente para compra de escravos na África. Senhores de Engenho dividiam a atenção entre a produção de açúcar e cachaça.

Com a descoberta do ouro na região das Minas Gerais, a grande população que correu para aquele local utilizava a cachaça para se aquecer do frio das montanhas, disseminando o consumo da bebida pelo interior do país. Sua fabricação artesanal e valor, fizeram com que escravos e índios também se dedicassem a sua fabricação e consumo. Como isso atrapalhava os interesses dos senhores de Engenho, a fabricação da cachaça foi proibida legalmente.

Este fato gerou um número muito grande de alambiques clandestinos e deu origem ao preconceito em relação ao seu consumo. Por muito tempo, o destilado passou a ser visto como uma bebida popular, mas esse conceito mudou com o passar dos anos.

A redescoberta do valor da culinária regional e os investimentos que as empresas produtoras vêm fazendo no sentido de valorizar o produto através de um trabalho de marketing fizeram com que a bebida passasse a ser vista com outros olhos.

2 comentários:

Pat. disse...

Belota, o seu blog está legal. Não consegui ver o seu perfil.
Adorei a sua pesquisa.
Abraço
Professora Patrícia

Alice disse...

Oi! Gostei do blog, e a pesquisa tá muito boa. Assunto diferente esse... pensei que alguém faria sobre cerveja, mas não cachaça. Bem original. Parabéns!
Até mais
Alice